sábado, 18 de julho de 2009

Piscou os olhos. A claridade incomodava. A rápida oscilação entre a escuridão e a luz era mais confortável. Suspirou. No jardim a sua frente crianças brincavam, um cão corria. Uma cena de felicidade. Mas diante disso mais uma vez piscava. Ver, e não ver. Ver, mas não registrar o que foi visto. Ver, mas também esquecer. Iludia-se em afirmar que tinha seus motivos. Sua tristeza para muitos poderia ser irracional. Ilógica. Mas sentia um descontentamento dentro de si. Uma angústia. Ou seria um desassossego? Uma inquietação? Sorriu para um conhecido que encontrou. Aquele encontro a obrigaria a sair de seu estado de contemplação. Durante as próximas horas nem se lembraria do sentimento que a incomodava. Mas nesse mesmo dia, quando fosse se deitar e piscasse os olhos mais uma vez, só que dessa para se acostumar à escuridão. Como um turbilhão o sentimento retornaria. Muito mais forte e até mesmo assustador, pois durante a noite, sozinha em seu quarto, não poderia recorrer à pequenas distrações.

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