sábado, 4 de julho de 2009
Estava mais uma vez sozinha, a chuva caia lá fora, e, em seu quarto, escuro e o silêncio. Havia sons, mas não havia palavras. Eu não tinha ninguém com quem conversar. Como eu poderia explicar tudo? Nem em minha cabeça encontrava as palavras corretas, na ordem correta. Tudo estava desordenado. Tentei explicar aos outros. Acreditei que poderia existir alguém que conseguisse me explicar o que não compreendia. Poucos chegaram a me ouvir, mas não consegui nada. Todos desistiam. Logo se revelava uma árdua tarefa. Uns poucos absorveram a dúvida, mas ninguém conseguiu me explicar. Então entrei para meu quarto e lá permaneci. O tempo não importava. Calar-me parecia ser a solução, silenciar todas as palavras. Talvez esquecesse as palavras desordenadas que me afligiam. Estava esquecendo as palavras. Entretanto, não só as que desejava esquecer, mas todas. Muitas eu não soube pronunciar, esqueci dos sons. Outras pareciam mais impregnadas em meu corpo. Tentei encontrar o nome, a palavra capaz de designar o lugar onde estava sentada olhando por outra coisa que se abria para um lugar mais amplo. Não achei. Foi quando percebi que trilhava um caminho sem volta. As palavras se perderiam. Decidi pensar nas palavras que ainda me restavam. Na primeira tentativa consegui lembrar várias palavras, bem como seus significados. Eram muitas menos que um dia eu soube. Continuei ali sozinha. Sabia que o problema ainda não se resolvera. Fiz mais uma vez o teste, talvez as palavras confusas tivesse desaparecido. Sabia bem poucas, mas dentre elas ainda continha confusão. Várias vezes repeti o ritual e sempre ainda restava a confusão. Até que lembrei apenas uma palavra. Não sabia o que significava. Chuva. Foi quando tudo havia começado.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário