segunda-feira, 6 de julho de 2009

Edward Hooper













A moça pousava seu dedo indicador sobre uma tecla do piano. Qual? Não importava. Do, sol, lá, mi, nem ela saberia dizer. Seu olhar estava perdido, distante dali. Provavelmente nem se dava conta que pousava seu dedo na tecla do piano.
Ele lia o jornal. Tão absorto pelas notícias que nem sequer saberia dizer o que havia lido quando terminasse de ler.
Assim se encontrava o casal. Separados fisicamente apenas por uma pequena mesa. Mas tão isolados que poderia se dizer que se encontravam na mais absoluta solidão. Os mais aflitos logo concluiriam que já não mais se amavam. Mesmo os dois poderiam supor que já não havia amor ali, se tivesse consciência do momento e da cena que provocavam. Mas não, ainda se amavam. Pois mesmo com o amor há sempre o desencontro. E esse vazio não consegue encontrar vasos que o contorne.

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