domingo, 3 de fevereiro de 2013

Nenhuma das duas algum dia pertenceu a outra.
Ela sempre estranha, labiríntica, estrangeira.
Eu, por outro lado, nunca me senti pertencente ao lugar.
Talvez nos duas sempre tenhamos nos preservado na intimidade.
Sem pertencer, nos conhecemos.
Em nosso eterno flerte, nunca se consumou pertencimento.
Nunca fomos desconhecidas.
Seus espaços labirínticos hoje permite que eu circule.
Sem embaraço descubro novos caminhos.
Novamente não me perco. Não há confusão.
A Letras não deixou de ser labiríntica, nem estrangeira para mim.
Mas não me perco. Não pertenço.
Mas permito a calma, a paz e a ....
A Letras nunca teve um código...

sábado, 17 de novembro de 2012

Cinco mulheres reunidas.
Os trajes não importam.
Mas há ali um ritual, um ato.
Logo veremos ser um ato de passagem.
Uma mulher completamente coberta por um véu negro. Não era humano, assustadora. E todas nós sabíamos que havia algo ruim.
Levanto-me e percebo que presa a minha calça encontra-se uma estaca. Eu a saco e atravesso o vulto, de cima a baixo, destruindo-o.
Percebo os olhares assustados. Um certo medo me toma.
Envolvo-me com meus braços, em um abraço solitário e digo:
"Agora precisamos apenas de proteção".

domingo, 21 de outubro de 2012

é... às vezes a gente se depara com essas coisas...
pessoas muito diferentes...
modos de pensar e agir que em nada tem relação com a gente...
ser estrangeiro é isso neh...
meio sozinho....
meio diferente do resto....
mas, as vezes, podemos encontrar outros estrangeiros....
que também vieram desse país desconhecido....
os estrangeiros, tantas vezes desterritorializados
encontram lugar num ponto, ainda q mínimo, seja comum...
comum com outros que também se desconhecem em certas situações das quais não se escapa
tô vendo que esse texto vai ser a 4 mãos....
sim... talvez se dê a 4 ou mais mãos
no comum
pequeno ponto comum
uma comunidade se faz


(*) Diálogo com uma grande amiga

sábado, 18 de agosto de 2012

Abro uma janela, para em seguida fechá-la. Outras janelas vãos se abrindo. E em uma após a outra vagueia o meu olhar. Não um olhar perdido, nem em busca de algo. O algo que busco não se encontra na internet, ou em nenhuma das diversas janelas já abertas ou por abrir. Uma noite insone, e a busca pelo texto. Busca pelo fim do silêncio que já se prorroga por quase um mês. Falta será coragem para dizer? Ou ainda falta um caminho a se percorrer antes desse algo ser dito. Precisa será, ser dito afinal? Às vezes, certas coisas prescindem de palavras. Em certos momentos o belo se manifesta apenas em significados sem associação com seus significantes. Borboletas outras, que não as amarelas, traçam a curva de leminiscata. Um tesouro enterrado que vem a tona, mas.... Saltar ao infinito ou apenas deixar uma marca no local? Vida, morte, o transcendente. Um efêmero instante. O toque que jamais se consuma. O beijo eternizado de Rodin. O retorno e terno....

terça-feira, 17 de julho de 2012

“Meu ultimo texto a ti”
Quando foi escrito tinha um outro sentido é bem verdade. Era uma carta que nunca foi enviada. Uma carta a uma paixão perdida. Mas o tempo passou e, por uma obra do acaso, o pedaço de papel dobrado, caiu do caderno onde fora depositado e me aguardara por horas a retornar e reencontrá-lo. Talvez o tempo de espera tenha sido ainda maior. Diria alguns anos. Anos nos quais os sentidos mudariam. E a carta endereçada a outrem tem mais sentido quando endereçada a mim mesma. A li reconhecendo a letra, meu próprio traço, mas ainda assim alheio ao meu eu atual. Hoje tenho em mim mesma a resposta à pergunta da carta. Sim preenchi meu vazio com o próprio vazio do vento, mas aprendi a assoviar. Assim a angústia de outrora não mais me fere como dantes. E sei o que fui e o que não fui e agora sou. Não para o outro, mas para mim. A pergunta tão recorrente se desfaz.
Me vem a voz de Caetano, “Quando a poesia realmente fez folia em minha vida”, por mais que seja uma despedida como na carta de adeus, penso no final. Certamente eu vou ser mais feliz.
De encontros e desencontros vou construindo minha vida sem tanta dor e sem desespero. Sem me exasperar e tornando a espera parte do trajeto. Mesmo com tempestades e com calmarias, perdendo o norte, mas só para poder perceber que busco é o sul. Muito vento pode derrubar um navio, mas pouco também pode deixar a deriva. E talvez tenha já ultrapassado o Cabo das tormentas e possa com tranquilidade renomeá-lo de Cabo da Boa Esperança.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Três imãs, três mulheres, três cidades.
Caminhos cruzados com tanta coisa em comum, e ainda assim, tantas diferenças.
Cada qual com seu estilo, seu cabelo, tipos de unhas.
Corações partidos de formas diferentes.
Sonhos despedaçados, que dos cacos formam outros sonhos.
Sonhos estes, mais felizes.
Lado a lado caminham essas mulheres, com histórias que se cruzam, lugares ocupados repetidos e borboletas no estômago.
Aliás, as borboletas as rodeiam. Por vezes, também joaninhas alegram a tarde fria.
Três poemas recitados.
Em uma é a mudança que a alegra. E então muda-se até o poema que converte o pranto em doce canto.
Em outra, a letra a faz atravessada pelo mundo. E me pergunto, qual seria seu novo conto?
A terceira se depara com a hora feliz, sempre adiada. Em busca do caminho da alegria se interroga onde põe as maçãs.
Essas três moças seguem caminhando. Trocando poemas e contos.
Às vezes também trocam de poema, e ai a conversão pode chegar na terceira, a segunda muda os lugares nas das maçãs mas dos morangos e a primeira, podendo contar apenas o que sabe dela, escreve.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

E ela ficou ali, sentada. Pensava quantas vezes ainda iria se surpreender com ela mesma. Essa desconhecida. De lagarta a borboleta. Antes com a carapaça dura, mas com tanta dor. Agora delicada, porém forte diante dos ventos. Ouvia a voz de Bethania, dizendo-lhe o que fazer. Seu peito se apertou. Mas em seguida se expandiu, até quase explodir. Era o que acontecia com essa desconhecida. Os tombos não eram mais temidos e, por vezes, aconteciam, mesmo que com menos frequência. Mas estes, já haviam se tornado mais fáceis de se recuperar. Aceitar o que já aconteceu. Aceitar que já não era mais tão fraca, tão frágil. Não era mais quebrável. Ou quando quebrada conseguia encontrar os cacos e juntá-los. Tornando a peça única com suas marcas. Desencanar do passado e se reencontrar no presente. Descobrir essa desconhecida e acreditar nela. Não mais uma nau perdida. Mas sim uma fragata, que enfrenta as tormentas e se lança no mar tenebroso, para renomea-lo apenas como vida.