quarta-feira, 30 de maio de 2012

Tento me ferir. Me morder.
Mas alguém me impede
“A batalha já está ganha”
Desejo então fugir
“O Estado está chegando”
Viaturas e ambulâncias
Mas ele me diz para ficar
“O Estado deve permanecer neutro”
“Ele veio apenas recolher os feridos”
E eu não estou no meio deles
Tentam organizar a passagem
“Não interditem as duas vias”
Deixar uma passagem....
Talvez seja a resposta a pergunta
Não havia mortos, apenas feridos
“É bom ouvir de vez em quando”

segunda-feira, 14 de maio de 2012



Vivo num mundo estranho
Contra todas as estatísticas o improvável acontece
Árvores caem em dia de sol
Bolas lançadas a esmo para cima acertam olhos
Blindex se estilhaçam
Encontro um jeito estranho
Quase sem querer
O real que não é comum
Um torto
Reconsidero e penso no abreviado
Como a parte que contém o todo
Um ponto de fragilidade
Endurecer e tornar sólido
Aquilo que é criado pelo homem líquido
Diferentemente
Escolho nova direção
A malemolência que se amolda
Diante da pressão cede
E cria contornos
A forma não retornará
Marcas serão deixadas
Mas ainda assim,
Preservo-me
Evito a destruição em fragmentos
Melhor amoldar que precisar juntar os cacos.

sábado, 5 de maio de 2012

Da mais velha, da mais perdida e da, definitivamente, a mais esquivocada.
Esquivar-se da realidade e do possível. No mundo dos sonhos as coisas são possíveis, mas ao nos depararmos com a realidade as palavras não soam como deveriam ser. Um passado sombrio cheio de dor e sonhos despedaçados. Não há nada que não possamos fazer. Promessas não efetivas. A expectativa frustrante. Mas ainda assim se permitir um sonho. Evitar coisas calculadas. Um mal menor em nome de uma falsa sensação de não sofrer. Não é possível. E vem o olhar perdido me lembrar como tenho evitado qualquer sentimento em nome de evitar assim o sofrimento. Como se fosse possível evitar sentir. Evitar sofrer. Fingir não sentir. O risco. O a riscado. E enfim o medo de assumir a verdade do que sentimos. Do que queremos. Estamos a beira de um abismo. Mas não podemos recuar. O voo e a queda misturam-se de uma forma assustadora. Mas a voz diz: Pode pular. Em um momento de insensatez me jogo. Será um voo imaginário? Será uma queda mortal? A verdade é que independente da resposta não há como evitar viver. A beira do abismo. Planando ou se chocando nas pedras. Qualquer seja a resposta tudo depende das escolhas e como se lida com elas. Assumindo-as ou se arrependendo a vida não espera as decisões sensatas. A espera pode revelar-se pior que a decisão. Tenho acreditar que escolho por aquilo que é possível suportar. Ou não. Afinal as respostas sim precisam de tempo para serem avaliadas. Diferente da vida, que permite apenas que possamos vivê-la.