segunda-feira, 26 de julho de 2010

As horas já se passaram, agora, restam apenas os minutos.
Contamos com o temporário, com o efêmero.
O tempo passa. Para o bem e para o mal.
Caminhamos por caminhos sozinhos. Por hora estradas se cruzam e destes encontros os rumos seguem comuns. Mas...
As horas já se passaram, agora, restam apenas os minutos.
Sinto falta do cheiro de chuva. Da risada longa. Do cheiro da inocência. Das cócegas na ponta do nariz.
Vou e volto. Não vemos. Invisível o movimento. Mas se move. Muda. E nos não percebemos que caminhamos não em caminhos cruzados,mas em paralelas. Que por vezes quase se tocam,quando vamos ao infinito, sem nos aproximar.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A máquina lá fora range.
Como se gemesse ao jogar na terra todo o seu peso para perfurá-la. A estaca entra lentamente. Um dia não é suficiente para que a penetre e se fixe ali.
Quem te deu o direito de dizer que ela não existe. Quem pode dizer que a ausência não é também a própria existência?
Lá fora a máquina geme, e seu lamento me perturba. O som incessante da máquina adentra em mim como a estaca adentra a terra. Os dedos estão gelados, mas se movem. Ela ainda existe.
Ela não existe.
Leio um livro que fala de um amor que não existe. Mas é real. Uma carta. Num papel azul. Velho. A máquina continua martelando...
E a frase martela em minha mente... ela não existe. Nego a afirmação como a terra se nega a se abrir e aceitar a perfuração da estaca. Mas lentamente a força do bate-estaca vence a terra. E a estaca vai se fixando. Lentamente... Logo irá sustentar a um prédio. Sustentará outras vidas que nem sonham com a resistência da terra e com o trabalho da máquina.
Ela não existe. Não é real. Não toca o real. Imaterial. Ela, não hesite, é real demais.
Vê-se angustiada com a impossibilidade desse real. Da necessidade de viver nesse real que não compreende que não se pode falar de..., tocar. Imaterial, o real é o bate estacas que fere, sustenta, mas se desconhece.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

As palavras continuam distantes. Certos momentos me aproximo delas. Mas ainda lentamente. Vivo na falta de ruído. Ou melhor, apanho apenas ruídos das palavras. Sem sentindo ou som completo. Elas estão por aqui, mas não as alcanço. Lentamente vêm as mudanças. Passos tímidos. Normalmente é quando acho que melhoro, é que retorno ao fundo. Penso se algum dia irei recuperar minha coragem. Não sei se a tive algum dia. Medos fantásticos assomam em minha mente. Logo me vejo pensando neles. Principalmente durante a noite. Trilho o caminho solitário sem querer permanecer nele. Mas apenas querer ou não, não tem me ajudado a mudar. Medo do ridículo ou encruzilhadas ausentes colaboram. Acho que permaneço errante. Uma década de passos a esmo sem sair do lugar. A todo momento olho o horizonte sem novidades, sem o desejo de sair correndo ao encontro de algo. Passos tímidos. Lentos. Quase sem querer caminhar por não ver nada a frente. Apenas a mesma triste paisagem, sem nada.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Outro dia, lendo um artigo de revista me deparei com a seguinte afirmativa. Ter um ouvido absoluto é muito difícil, por que não se suporta lugares barulhentos. Imagino que pelo menos ter um ouvido absoluto se encontra uma certa paz em ambientes silenciosos. Creio que tenho uma mente absoluta. E ao contrário do ouvido, lugares silenciosos, como o quarto antes de dormir é o lugar mais barulhento do mundo.
Hoje mesmo ao me deitar, minha mente absoluta resolveu se manifestar. É uma coisa um tanto louca. A sensação que tive foi que os pensamentos corriam todos amontoados em uma pequena sala. Não que eu conseguisse acompanhá-los. Na verdade me perco. De um momento a outro são tão vários os pensamentos que nem sei bem em que estou pensando. De um assunto vai-se a outro as vezes conectado por uma palavra uma sensação ou por coisa nenhuma. Apenas um caos de cenas, imagens, cheiros, lembranças, resquícios do dia. Coisas esquecidas. Mas o pior é que para dormir é preciso um certo silêncio, um silêncio interior. O espaço na cabeça que também chamo de quarto precisa ser habitado apenas por sombras de pensamentos que se movimentam lentamente, indistintos e silenciosos.
Assim, 4:30 da manhã me rendo. Desisto da cama do quarto e me entrego a posição vertical. Sono tenho, cansada, estou bastante, mas uma mente absoluta não encontra muita paz hoje.

sábado, 17 de abril de 2010

O quarto se encontrava na penumbra... A luz escorria no horizonte. Ela ainda permanecia ali. Olhando a janela. Permitindo que o tempo se fosse. Na verdade ela poderia fazer o que quer que fosse... O tempo passaria. Completamente alheio a ela ou ao que quer que fizesse. Assim suspirou e olhou para a janela. Lá fora a primeira estrela se revelava no céu, já não mais oculta pelo brilho do sol. Todo aquele tempo perdido a emocionou. É claro que ela chorava até com comerciais de TV, mas deixou a lágrima escorrer. Perdera o tempo. Mas ganhara um momento. Uma lembrança só dela. Uma que se somaria a muitas outras. E com as quais construía seu tempo perdido.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O quarto estava vazio. As paredes brancas o tornavam ainda maior do que era. Da janela a luz do fim do dia. O por do sol cor de rosa. Laranja. O tempo se perdendo e se esvaindo enquanto o sol, na verdade a terra iluminava outros lugares, mas como conseqüência deixava o quarto escuro. Estava ali. Parada. Olhando o momento. Não sei se perdia seu tempo ou somava. Pois afinal, como se perde o tempo. Como se perde algo que nunca lhe pertenceu?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Não, não te escrevo mais uma vez com perguntas. Não quero mais saber o porque de você ter se afastado. Foi uma escolha sua. Que eu nunca vou compreender. Também não te escrevo para perguntar se mudou de idéia. Se assim o fosse provavelmente eu saberia, pois ai sim você teria me procurado. Escrevo para dizer que sinto falta. Provavelmente sinto falta do amigo que você nunca foi. Apenas do amigo que eu imaginei que você fosse. Aproveito para agradecer por não ter estado ao meu lado quando precisei. O mundo para mim está escuro, sem caminhos, sem respostas. Mas mesmo se você estivesse aqui, isso não mudaria nada. É bom conseguir enxergar o quão só se é. Absolutamente só. Sem fantasias, nem sonhos. Cética e um pouco sem cor. Esse é o mundo que eu vivo. Sempre vivi nele, mas é assim que o vejo agora. Sem a ilusão da amizade. Certa vez lhe contei a história da borboleta e da flor. Hoje não há flor alguma no jardim. Mas também não busco mais por elas. Elas até podem estar lá, mas tal como a flor da história, ficaram todas murchas, sem viço. Não há mais doçura ali. Não é culpa sua já esclareço. Você não tem responsabilidade alguma nisso tudo. No fim sei que tudo isso é pelo jeito, a forma que vejo e reajo às coisas que se passaram. Foi encantador. Talvez encantador demais. Até para arriscar de novo. Pois no fundo no fundo. Ainda tenho saudades.

Esta é uma mensagem que nunca poderei escrever. Por não ter a quem enviar. Afinal digo tudo isso ao amigo que não tive.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Quando tudo mudou?
Como que as coisas deixaram de ser o que eram?
Onde foi parar a inocência das coisas singelas.
Houve uma época da minha vida, que cantar em voz alta,
Já não me preocupo, se eu não sei porquê, às vezes o que eu vejo quase niguém vê.... ou A tempestade que chega é da cor dos seus olhos castanhos..
Era...
Era exatamente o que se perdeu...
Hoje é brega... sem graça.. um chavão ridicularizado... sem importância...
Mas teimo em dizer que realmente, hoje em dia, O meu sorriso vem diferente (é indiferente, como sempre cantei), quase parecendo me ferir....