Cinco mulheres reunidas.
Os trajes não importam.
Mas há ali um ritual, um ato.
Logo veremos ser um ato de passagem.
Uma mulher completamente coberta por um véu negro. Não era humano, assustadora. E todas nós sabíamos que havia algo ruim.
Levanto-me e percebo que presa a minha calça encontra-se uma estaca. Eu a saco e atravesso o vulto, de cima a baixo, destruindo-o.
Percebo os olhares assustados. Um certo medo me toma.
Envolvo-me com meus braços, em um abraço solitário e digo:
"Agora precisamos apenas de proteção".
sábado, 17 de novembro de 2012
domingo, 21 de outubro de 2012
é... às vezes a gente se depara com essas coisas...
pessoas muito diferentes...
modos de pensar e agir que em nada tem relação com a gente...
ser estrangeiro é isso neh...
meio sozinho....
meio diferente do resto....
mas, as vezes, podemos encontrar outros estrangeiros....
que também vieram desse país desconhecido....
os estrangeiros, tantas vezes desterritorializados
encontram lugar num ponto, ainda q mínimo, seja comum...
comum com outros que também se desconhecem em certas situações das quais não se escapa
tô vendo que esse texto vai ser a 4 mãos....
sim... talvez se dê a 4 ou mais mãos
no comum
pequeno ponto comum
uma comunidade se faz
(*) Diálogo com uma grande amiga
pessoas muito diferentes...
modos de pensar e agir que em nada tem relação com a gente...
ser estrangeiro é isso neh...
meio sozinho....
meio diferente do resto....
mas, as vezes, podemos encontrar outros estrangeiros....
que também vieram desse país desconhecido....
os estrangeiros, tantas vezes desterritorializados
encontram lugar num ponto, ainda q mínimo, seja comum...
comum com outros que também se desconhecem em certas situações das quais não se escapa
tô vendo que esse texto vai ser a 4 mãos....
sim... talvez se dê a 4 ou mais mãos
no comum
pequeno ponto comum
uma comunidade se faz
(*) Diálogo com uma grande amiga
sábado, 18 de agosto de 2012
Abro uma janela, para em seguida fechá-la. Outras janelas vãos se abrindo. E em uma após a outra vagueia o meu olhar. Não um olhar perdido, nem em busca de algo. O algo que busco não se encontra na internet, ou em nenhuma das diversas janelas já abertas ou por abrir. Uma noite insone, e a busca pelo texto. Busca pelo fim do silêncio que já se prorroga por quase um mês. Falta será coragem para dizer? Ou ainda falta um caminho a se percorrer antes desse algo ser dito. Precisa será, ser dito afinal? Às vezes, certas coisas prescindem de palavras. Em certos momentos o belo se manifesta apenas em significados sem associação com seus significantes. Borboletas outras, que não as amarelas, traçam a curva de leminiscata. Um tesouro enterrado que vem a tona, mas.... Saltar ao infinito ou apenas deixar uma marca no local? Vida, morte, o transcendente. Um efêmero instante. O toque que jamais se consuma. O beijo eternizado de Rodin. O retorno e terno....
terça-feira, 17 de julho de 2012
“Meu ultimo texto a ti”
Quando foi escrito tinha um outro sentido é bem verdade. Era uma carta que nunca foi enviada. Uma carta a uma paixão perdida. Mas o tempo passou e, por uma obra do acaso, o pedaço de papel dobrado, caiu do caderno onde fora depositado e me aguardara por horas a retornar e reencontrá-lo. Talvez o tempo de espera tenha sido ainda maior. Diria alguns anos. Anos nos quais os sentidos mudariam. E a carta endereçada a outrem tem mais sentido quando endereçada a mim mesma. A li reconhecendo a letra, meu próprio traço, mas ainda assim alheio ao meu eu atual. Hoje tenho em mim mesma a resposta à pergunta da carta. Sim preenchi meu vazio com o próprio vazio do vento, mas aprendi a assoviar. Assim a angústia de outrora não mais me fere como dantes. E sei o que fui e o que não fui e agora sou. Não para o outro, mas para mim. A pergunta tão recorrente se desfaz.
Me vem a voz de Caetano, “Quando a poesia realmente fez folia em minha vida”, por mais que seja uma despedida como na carta de adeus, penso no final. Certamente eu vou ser mais feliz.
De encontros e desencontros vou construindo minha vida sem tanta dor e sem desespero. Sem me exasperar e tornando a espera parte do trajeto. Mesmo com tempestades e com calmarias, perdendo o norte, mas só para poder perceber que busco é o sul. Muito vento pode derrubar um navio, mas pouco também pode deixar a deriva. E talvez tenha já ultrapassado o Cabo das tormentas e possa com tranquilidade renomeá-lo de Cabo da Boa Esperança.
Quando foi escrito tinha um outro sentido é bem verdade. Era uma carta que nunca foi enviada. Uma carta a uma paixão perdida. Mas o tempo passou e, por uma obra do acaso, o pedaço de papel dobrado, caiu do caderno onde fora depositado e me aguardara por horas a retornar e reencontrá-lo. Talvez o tempo de espera tenha sido ainda maior. Diria alguns anos. Anos nos quais os sentidos mudariam. E a carta endereçada a outrem tem mais sentido quando endereçada a mim mesma. A li reconhecendo a letra, meu próprio traço, mas ainda assim alheio ao meu eu atual. Hoje tenho em mim mesma a resposta à pergunta da carta. Sim preenchi meu vazio com o próprio vazio do vento, mas aprendi a assoviar. Assim a angústia de outrora não mais me fere como dantes. E sei o que fui e o que não fui e agora sou. Não para o outro, mas para mim. A pergunta tão recorrente se desfaz.
Me vem a voz de Caetano, “Quando a poesia realmente fez folia em minha vida”, por mais que seja uma despedida como na carta de adeus, penso no final. Certamente eu vou ser mais feliz.
De encontros e desencontros vou construindo minha vida sem tanta dor e sem desespero. Sem me exasperar e tornando a espera parte do trajeto. Mesmo com tempestades e com calmarias, perdendo o norte, mas só para poder perceber que busco é o sul. Muito vento pode derrubar um navio, mas pouco também pode deixar a deriva. E talvez tenha já ultrapassado o Cabo das tormentas e possa com tranquilidade renomeá-lo de Cabo da Boa Esperança.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Três imãs, três mulheres, três cidades.
Caminhos cruzados com tanta coisa em comum, e ainda assim, tantas diferenças.
Cada qual com seu estilo, seu cabelo, tipos de unhas.
Corações partidos de formas diferentes.
Sonhos despedaçados, que dos cacos formam outros sonhos.
Sonhos estes, mais felizes.
Lado a lado caminham essas mulheres, com histórias que se cruzam, lugares ocupados repetidos e borboletas no estômago.
Aliás, as borboletas as rodeiam. Por vezes, também joaninhas alegram a tarde fria.
Três poemas recitados.
Em uma é a mudança que a alegra. E então muda-se até o poema que converte o pranto em doce canto.
Em outra, a letra a faz atravessada pelo mundo. E me pergunto, qual seria seu novo conto?
A terceira se depara com a hora feliz, sempre adiada. Em busca do caminho da alegria se interroga onde põe as maçãs.
Essas três moças seguem caminhando. Trocando poemas e contos.
Às vezes também trocam de poema, e ai a conversão pode chegar na terceira, a segunda muda os lugares nas das maçãs mas dos morangos e a primeira, podendo contar apenas o que sabe dela, escreve.
Caminhos cruzados com tanta coisa em comum, e ainda assim, tantas diferenças.
Cada qual com seu estilo, seu cabelo, tipos de unhas.
Corações partidos de formas diferentes.
Sonhos despedaçados, que dos cacos formam outros sonhos.
Sonhos estes, mais felizes.
Lado a lado caminham essas mulheres, com histórias que se cruzam, lugares ocupados repetidos e borboletas no estômago.
Aliás, as borboletas as rodeiam. Por vezes, também joaninhas alegram a tarde fria.
Três poemas recitados.
Em uma é a mudança que a alegra. E então muda-se até o poema que converte o pranto em doce canto.
Em outra, a letra a faz atravessada pelo mundo. E me pergunto, qual seria seu novo conto?
A terceira se depara com a hora feliz, sempre adiada. Em busca do caminho da alegria se interroga onde põe as maçãs.
Essas três moças seguem caminhando. Trocando poemas e contos.
Às vezes também trocam de poema, e ai a conversão pode chegar na terceira, a segunda muda os lugares nas das maçãs mas dos morangos e a primeira, podendo contar apenas o que sabe dela, escreve.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
E ela ficou ali, sentada. Pensava quantas vezes ainda iria se surpreender com ela mesma. Essa desconhecida. De lagarta a borboleta. Antes com a carapaça dura, mas com tanta dor. Agora delicada, porém forte diante dos ventos. Ouvia a voz de Bethania, dizendo-lhe o que fazer. Seu peito se apertou. Mas em seguida se expandiu, até quase explodir. Era o que acontecia com essa desconhecida. Os tombos não eram mais temidos e, por vezes, aconteciam, mesmo que com menos frequência. Mas estes, já haviam se tornado mais fáceis de se recuperar. Aceitar o que já aconteceu. Aceitar que já não era mais tão fraca, tão frágil. Não era mais quebrável. Ou quando quebrada conseguia encontrar os cacos e juntá-los. Tornando a peça única com suas marcas. Desencanar do passado e se reencontrar no presente. Descobrir essa desconhecida e acreditar nela. Não mais uma nau perdida. Mas sim uma fragata, que enfrenta as tormentas e se lança no mar tenebroso, para renomea-lo apenas como vida.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Então me vem mais uma vez o silêncio. Uma certa angustia comedida diante do papel em branco. Me pergunto o que não desejo dizer? Escrevo e depois apago. Uma luta com o texto que quer sair e ainda assim, teima em calar. Reescrevo frases. Apago. Nego e, ainda sim, sei que está presente. Recordo que em outros tempos também senti a mesma necessidade de acalmar as outras vozes para poder ouvir. E como em outros momentos, o insucesso. Durante a noite a balburdia se agita dentro, durante o dia o cansaço impera. Inquieta. Talvez seja mesmo o desejo de ficar inerte um tempo. A reflexão não se dá durante a corrida. Mas insisto em correr por temer parar demais. Talvez os índios tenham razão, e a foto tenha mesmo aprisionado minha alma. Mas que também, não quero dela me libertar. Recordo que tenho dificuldade em aceitar o que já aconteceu. E nessa tentativa não busco me adaptar ao novo, e sim, apenas tento recuperar o velho. E me desgasto em busca do tempo perdido, sem perceber que o que preciso é viver o tempo presente.
Então penso, talvez agora seja tempo, não de morangos, mas de silêncio.....
Então penso, talvez agora seja tempo, não de morangos, mas de silêncio.....
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Tento me ferir. Me morder.
Mas alguém me impede
“A batalha já está ganha”
Desejo então fugir
“O Estado está chegando”
Viaturas e ambulâncias
Mas ele me diz para ficar
“O Estado deve permanecer neutro”
“Ele veio apenas recolher os feridos”
E eu não estou no meio deles
Tentam organizar a passagem
“Não interditem as duas vias”
Deixar uma passagem....
Talvez seja a resposta a pergunta
Não havia mortos, apenas feridos
“É bom ouvir de vez em quando”
Mas alguém me impede
“A batalha já está ganha”
Desejo então fugir
“O Estado está chegando”
Viaturas e ambulâncias
Mas ele me diz para ficar
“O Estado deve permanecer neutro”
“Ele veio apenas recolher os feridos”
E eu não estou no meio deles
Tentam organizar a passagem
“Não interditem as duas vias”
Deixar uma passagem....
Talvez seja a resposta a pergunta
Não havia mortos, apenas feridos
“É bom ouvir de vez em quando”
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Vivo num mundo estranho
Contra todas as estatísticas o improvável acontece
Árvores caem em dia de sol
Bolas lançadas a esmo para cima acertam olhos
Blindex se estilhaçam
Encontro um jeito estranho
Quase sem querer
O real que não é comum
Um torto
Reconsidero e penso no abreviado
Como a parte que contém o todo
Um ponto de fragilidade
Endurecer e tornar sólido
Aquilo que é criado pelo homem líquido
Diferentemente
Escolho nova direção
A malemolência que se amolda
Diante da pressão cede
E cria contornos
A forma não retornará
Marcas serão deixadas
Mas ainda assim,
Preservo-me
Evito a destruição em fragmentos
Melhor amoldar que precisar juntar os cacos.
sábado, 5 de maio de 2012
Da mais velha, da mais perdida e da, definitivamente, a mais esquivocada.
Esquivar-se da realidade e do possível. No mundo dos sonhos as coisas são possíveis, mas ao nos depararmos com a realidade as palavras não soam como deveriam ser. Um passado sombrio cheio de dor e sonhos despedaçados. Não há nada que não possamos fazer. Promessas não efetivas. A expectativa frustrante. Mas ainda assim se permitir um sonho. Evitar coisas calculadas. Um mal menor em nome de uma falsa sensação de não sofrer. Não é possível. E vem o olhar perdido me lembrar como tenho evitado qualquer sentimento em nome de evitar assim o sofrimento. Como se fosse possível evitar sentir. Evitar sofrer. Fingir não sentir. O risco. O a riscado. E enfim o medo de assumir a verdade do que sentimos. Do que queremos. Estamos a beira de um abismo. Mas não podemos recuar. O voo e a queda misturam-se de uma forma assustadora. Mas a voz diz: Pode pular. Em um momento de insensatez me jogo. Será um voo imaginário? Será uma queda mortal? A verdade é que independente da resposta não há como evitar viver. A beira do abismo. Planando ou se chocando nas pedras. Qualquer seja a resposta tudo depende das escolhas e como se lida com elas. Assumindo-as ou se arrependendo a vida não espera as decisões sensatas. A espera pode revelar-se pior que a decisão. Tenho acreditar que escolho por aquilo que é possível suportar. Ou não. Afinal as respostas sim precisam de tempo para serem avaliadas. Diferente da vida, que permite apenas que possamos vivê-la.
Esquivar-se da realidade e do possível. No mundo dos sonhos as coisas são possíveis, mas ao nos depararmos com a realidade as palavras não soam como deveriam ser. Um passado sombrio cheio de dor e sonhos despedaçados. Não há nada que não possamos fazer. Promessas não efetivas. A expectativa frustrante. Mas ainda assim se permitir um sonho. Evitar coisas calculadas. Um mal menor em nome de uma falsa sensação de não sofrer. Não é possível. E vem o olhar perdido me lembrar como tenho evitado qualquer sentimento em nome de evitar assim o sofrimento. Como se fosse possível evitar sentir. Evitar sofrer. Fingir não sentir. O risco. O a riscado. E enfim o medo de assumir a verdade do que sentimos. Do que queremos. Estamos a beira de um abismo. Mas não podemos recuar. O voo e a queda misturam-se de uma forma assustadora. Mas a voz diz: Pode pular. Em um momento de insensatez me jogo. Será um voo imaginário? Será uma queda mortal? A verdade é que independente da resposta não há como evitar viver. A beira do abismo. Planando ou se chocando nas pedras. Qualquer seja a resposta tudo depende das escolhas e como se lida com elas. Assumindo-as ou se arrependendo a vida não espera as decisões sensatas. A espera pode revelar-se pior que a decisão. Tenho acreditar que escolho por aquilo que é possível suportar. Ou não. Afinal as respostas sim precisam de tempo para serem avaliadas. Diferente da vida, que permite apenas que possamos vivê-la.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Uma ode às borboletas
Um dia a mulher-jardim conheceu um bando de borboletas malvadas que de más não tinham nada. Quisera ela ter conhecido essas borboleta quando ainda era uma menina árvore. Sabia que seus voos de antigamente teriam sido mais coloridos.
A mulher jardim por vezes se cansa de bater asas, principalmente quando começa a achar que os jardins que ela conhece não tem espaço, lhe são estranhos, com plantas que ela não consegue compreender.
Mas sua caminhada tem mudado. Não o ritmo, não a direção. Ser perdida lhe é um pouco inerente. Junto ao seu olhar.
Mas hoje ela pode se encantar com as borboletas. Cada uma diferente, uma sem chapéu, loira mas que de loira não tem nada , uma com silêncio nas asas, uma com uma meiguice e leveza e uma difícil de definir de tão igual e mesmo assim, diferente.
Essas borboletas voam junto à mulher jardim. Unidas, sustentam as asas umas das outras quando rajadas de vento tentam derrubá-las. E com isso, elas mesmas vão construindo um novo jardim, não alheio aos outros jardins, mas um lugar seguro, composto de avencas, amores não perfeitos, cravos, miosótis e violetas.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Os escritos fora de si. Confissões?
Os escritos. O texto que teima em si deixar jorrar.
Sem ordem, sem controle.
Jorro sentimentos e letras.
Deixo aos poucos os medos saírem.
Junto percebo outros tons.
Além do cinza, alguns acordes.
O silêncio já não comporta o papel.
O verde, o rosa, o vermelho.
Cores complementares.
Mas também misturas.
Por hora há ainda
Muitos acordes dissonantes também.
Instável, e ainda, um pouco inseguro.
Quando procuro algo, prometo a São Longuinho.
Às vezes não nos damos conta que o que procuramos já foi achado.
E vem alguém e me diz:
Pode pular.
Talvez apenas precise cumprir a promessa.
quinta-feira, 29 de março de 2012
Mais uma vez mulher árvore, ou seria menina árvore.
Não acho que aja de maneira infantil.
Entronquei meu corpo.
Tornei imóvel exatamente o que preciso para olhar para os lados.
Pergunto-me o que não desejo ver?
Ou o que evito.
A decisão já foi tomada.
O medo não é tão terrível quanto eu pensei.
Mas ainda assim hesito.
Diante do êxito hesito.
Nem sempre saber o que é bom é o suficiente.
Protelo a decisão para uma hora certa que não parece nunca acontecer.
Preciso relaxar. Retornar ao que era, mas agora diferente.
O caminho continua.
Vou criando rascunhos e rasculhos.
Rascunhos mal feitos.
Rasculhos perfeitos
Um esboço pra um recomeço.
Mais uma vez a fênix e a frase
Escrever é sempre deixar de dizer,
Mas tudo começou com um sim.
E é sempre importante lembrar que é tempo de morangos
...
domingo, 25 de março de 2012
Rasculhos
Coisas de criança.
Ver a chuva antes dela chegar. Observar a distância.
A chuva lá.
E eu apenas a observando.
Vendo-a molhar os telhados, os jardins, as pessoas.
Hoje fui ao encontro da chuva.
Não a observei da janela.
Sentir seu cheiro não seria suficiente.
Não esperei ela chegar até mim.
Fui até ela.
Me molhei sem preocupar.
A água que retorna.
A água que abençoa.
Salão do encontro
Um lugar mágico para a menina que ainda não havia sido atropelada pela árvore.
Lá as cores dos tecidos eram tiradas do chão, da terra.
Os fios desembolados em fiadeiras.
Vários teares criavam as tramas.
Talvez tenha sido de la que tirei esse olhar torto.
Que vê tudo de uma forma tão diferente da maioria.
Sonho de infância era poder morar naquele lugar mágico.
Obs: texto perdido em meus rascunhos...
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Diante do espelho ela se encontrava perdida em pensamentos. Não podia muito bem descrevê-los. Apenas o comum tumulto. Não olhava para seu reflexo, ou mesmo para dentro. O olhar era indefinido. Não via. Então dentro do espelho ela o viu. Estava atrás dela. Próximo à parede. Um simples cabideiro com uma casaca e chapéu. Mas pelo espelho ela o via. E ali ele se movia. Acenava para ela. A convidava para dançar. Ela pensou em se levantar da cadeira e ir. O homem sem rosto poderia abraçá-la. Sabia que durante um tempo seria uma forma de fingir que não estava sozinha. Confrontara a solidão, mas estava cansada. Pensou em fingir. Levantou-se e foi abraçada pela casaca. Aninhou sua cabeça em seu ombro. Sentia os cheiros. Sentia o calor. Durante um tempo isso a acalmou. Ali não estava vazia, não estava sozinha. Tentou sorrir, mas apenas conseguiu esboçar um ligeiro movimento nos lábios. Então a música acabou. E com isso também a valsinha que bailava. O quarto voltou a ficar frio. Pela janela podia ver o sol se pôr. E ela estava ali. Novamente só. O sonho se desvaneceu. O cabideiro era apenas um cabideiro novamente. Retornou ao espelho. Imaginava que o reflexo que veria seria triste. Magoado. Com aquele olhar perdido. Mas não. Algo havia mudado. Os olhos estavam secos, mas brilhantes. Sair da realidade, mesmo que momentaneamente fora bom. Terminou de empoar o rosto. A maquiagem naquele momento não se assumia como máscara. Sozinha, já no lusco fusco sorriu. O verdadeiro sorriso que buscava. Estava pronta.
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