sábado, 1 de agosto de 2009


Através - Cildo Meireles

De pés descalços caminho sobre cacos de vidro. Rumo conseguir transpor, atravessar. Sinto-os furando minha pele. A cada passo, somam-se cacos. Sangro, e assim deixo um pouco de mim pelo caminho. Meu próprio peso é que me fere. Mas junto a isso sinto todo o poder da escolha do próximo passo. No momento avançar ou retroceder machucará. Não comecei a caminhar sobre os cacos de forma deliberada. Apenas me dei conta do caminho que trilhava quando já estava nele.
Assim, decido avançar para o sonho, para a desrazão;
Sim, nos machucamos em busca de uma luz. E esta não é nada além de uma bola iluminada de celofane. Ilusões. Disso não escapamos.
Mas sempre podemos buscar os peixes que nadam no ar.

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