sexta-feira, 30 de outubro de 2009
A noite caia. Mais um cigarro era pagado no cinzeiro. Já haviam sido vários aquele dia. O tempo caminhava lentamente. Provável tentativa de prolongar o sofrimento. Via tudo em camera lenta. Como se não pudesse se permitir desligar dos detalhes. Lá fora barulhos de carros. Mas dentro. Dentro apenas o silêncio. O vazio. Não queria estar ali. Era uma casa assombrada pelo passado. Tal como seu coração. Envelhecera, mas não havia conseguido se libertar. Sua alma estava almaldiçoada por aquelas paredes. Ainda não entendia. Como pudera amar tanto um lugar. Se encantar tanto. Para no fim, ver-se amaldiçoado. Preso. Queria sair correndo. Não encontrava forças. Como em sonhos, cada vez que tentava mover o pé, ele estava pesado, como se houvesse em seu tornozelo uma corrente, como de um prisioneiro. Queria se libertar. Queria fugir, sair desse lugar onde havia apenas sofrimento. Mas não tinha forças. Todo dia pela manhã respirava fundo e dizia a se mesmo que naquele dia teria forças suficientes. Todos os dias ao fim da tarde. Estava no mesmo lugar. Esgotado pelas tentativas vãs. Sua persistencia esmorecia. Talvez desistisse. Talvez não. Restava o amanhã.
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